O futuro da mobilidade com carros autônomos

O pesquisador alerta, no entanto, que a simples substituição de veículos particulares conduzidos por humanos por carros autônomos gera benefícios apenas modestos no trânsito. A união de radares e a visão computacional propostas pela equipe do SegurAuto já demonstraram sua eficácia operacional, informa Osório, mas tem que melhorar o desempenho de cada um dos sensores. Uma ultrapassagem a 80 km/h demanda antecipar situações que estão a 1 km de distância. “Um radar comum tem alcance de 300 m, uma câmera de vídeo alcança uma distância maior, mas a informação obtida é imprecisa.

Ainda há uma série de desafios a serem vencidos (veja abaixo), desde legislação à necessidade de infraestrutura que permita que as cidades se comuniquem com os carros. A autonomia, já aplicada em trens de metrô, por exemplo, avança também em outros tipos de veículos. Os primeiros protótipos de carros que dirigem sozinhos apareceram na década de 1980. Naquela época, Hollywood fez espectadores acreditarem que existiriam skates voadores em 2015 (ano em que se passa “De volta para o futuro 2”) e carros congestionando os céus em 2019 (“Blade Runner”). A tecnologia de Light Detection And Ranging (detecção de luz e alcance, em tradução livre) usa uma sensoriamento remoto para medir propriedades da luz refletida.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 6,2% da população brasileira possui algum tipo de deficiência, seja ela auditiva, visual, física ou intelectual. Um estudo da Boston Consulting Group em parceria com o Fórum Econômico Mundial analisou a presença de carros autônomos em centros urbanos, o que resultaria em uma redução de 60% de carros circulando nas ruas e uma diminuição de 90% em números de acidente entre os veículos. Em relação aos ganhos ambientais, a estimativa é de menos de 80% em relação a emissão de gases poluentes. Sem ajuda de grandes montadoras, que investem em projetos próprios no exterior, universidades brasileiras também desenvolvem tecnologias de direção autônoma.

Assim, o compartilhamento abre espaço para diminuir o número de veículos circulando em centros urbanos e, consequentemente, leva à redução de custos. A estrutura será um dos entraves que farão com que os carros autônomos demorem mais para chegar ao Brasil . “Os desafios (no país) são a infraestrutura e o desenvolvimento das estradas, então (aqui) deve demorar cerca de uma década a mais do que nos países desenvolvidos”, aposta Randall Miller, líder global da EY. A sueca Volvo, uma das pioneiras, pretende testar 100 veículos desse tipo com consumidores comuns nas ruas daqui a 2 anos. E chegar à meta de zero mortes em seus veículos até 2020, ano “mágico” já citado por Honda, Toyota, BMW e Nissan como aquele em que os carros que dirigem sozinhos devem aparecer nas lojas. Mais recentemente, eles passaram a atuar em conjunto, aumentando a “intervenção” do computador na experiência de dirigir.

As possibilidades que o futuro traz

O assunto também é estratégico para grandes empresas, como a Hitachi Automotive Systems, que recentemente anunciou que pretende fundir quatro de seus fabricantes de autopeças com a Honda para criar um fornecedor único. O anúncio feito no início do mês de novembro, tem o objetivo de criar a terceira maior empresa fornecedora de autopeças do Japão em vendas. O foco desta fusão é o desenvolvimento de componentes para sistemas de carros elétricos e de condução autônoma. As empresas Consultar débitos do veículo já se preparam há alguns anos para atingir este mercado, em 2010 a Google chegou a desenvolver um carro autônomo e obteve excelentes resultados em milhões de quilômetros nas ruas de Mountain View e da Califórnia, regiões próximas da sede da empresa. Porém, até o momento o carro ainda não foi produzido, devido alguns acidentes ocorridos com o protótipo. Conforme pesquisa do banco Morgan Stanley, os carros atuais são usados apenas 4% do tempo – no restante eles ficam parados.

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Em São Carlos, o Carro Robótico Inteligente para Navegação Autônoma, ou simplesmente Carina, foi o primeiro a ser testado nas ruas de uma cidade na América Latina, em 2013. Ao menos se depender dos esforços das principais montadoras, que já disputam uma verdeira corrida pelo desenvolvimento de veículos autônomos, ou seja, que conseguem se “autoconduzir” sem a necessidade de um motorista. Localizada no limite entre as zonas sul, central e oeste de São Paulo, a avenida Paulista dedica aos veículos quatro faixas em cada direção e está constantemente congestionada nos horários de pico. Em um futuro dominado por carros autônomos sob demanda poderá destinar apenas uma faixa para o tráfego por destino e será capaz de atender o mesmo número de passageiros em transporte individual que hoje.

Centros de pesquisas públicos e privados em vários países dedicam-se a criar as soluções necessárias para superar esses desafios. A Volvo já entregou sete unidades do caminhão VM para um grupo produtor de açúcar, em Maringá (PR). Sem abrir mão do condutor, os veículos andam sozinhos apenas quando estão em áreas restritas, sem trânsito, dentro das lavouras de cana de açúcar. A grande vantagem é a altíssima precisão de direção (2,5 cm), que reduz perdas por pisoteio de mudas. O veículo foi desenvolvido pela área de engenharia avançada no Brasil, com apoio da matriz na Suécia. Uma pesquisa anual da AAA (Associação Automobilística Americana) descobriu que 71% das pessoas têm medo de andar em veículos totalmente autônomos.

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Com um sistema de laser que mapeia os arredores do veículo, o LiDAR é responsável por fazer o carro “enxergar”. A disputa entre as gigantes do setor iniciou na década passada, e apesar de os modelos ainda não estarem tão popularizados como prometido pelas empresas, o longo tempo de espera está começando a gerar frutos. O transporte representa um pilar fundamental para a independência de tais pessoas e uma conquista de oportunidades durante a vida.

De acordo com um estudo da Ruderman Foundation, instituição filantrópica para pessoas com deficiência nos Estados Unidos, a falta de acesso a transporte seguro é a razão pela qual um quarto dos deficientes entrevistados não trabalham atualmente. Baseado em informações de sensores a laser e câmeras, o carro adaptado de um modelo comprado na loja avalia o contorno 10 vezes por segundo para tomar decisões. “Essas tecnologias estão cada vez mais dependentes da infraestrutura e é preciso uma cobertura de dados móveis. Existem lugares no Brasil em que você não fala direito nem com voz. Pode ser outro fator de atraso”, completa o engenheiro Ricardo Takahira, da SAE Brasil.