Pressão estética pode afetar a saúde mental

Se olham no espelho, sorriem e dizem que ficaram lindas”, conta a empresária Amanda Couto. Proprietária de uma clínica de estética, ela – que também é especialista em design de sobrancelhas e extensão de cílios – relata como o seu trabalho impacta na autoestima de suas clientes. “Percebo que elas começam a postar mais fotos no Instagram,  o que mostra que elas gostam de aparecer mais depois de fazer os procedimentos”, observa. O estudo, a ser publicado na revista Personnel Psychology, foi divulgado recentemente online.

A maioria dos que afirmaram terem feito alguma mudança por fins estéticos, 31%, tem entre 18 e 24 anos. 10% do público que já fez um procedimento estético tem menos de 18 anos; 17% têm idades entre 25 e 29; 13% estão entre os 40 e 49 anos. Por último, representando 7% dos entrevistados que fizeram uma intervenção em prol da beleza, estão as pessoas com mais de 50 anos.

Ele descobriu que, embora exista um “prêmio de beleza” entre as profissões, isso se deve parcialmente ao fato de pessoas atraentes desenvolverem características distintas como resultado de como o mundo reage à sua atratividade. Eles constroem um senso de poder maior e têm mais oportunidades de melhorar as habilidades de comunicação não verbal ao longo de suas vidas. Segundo os parlamentares, essas imagens editadas foram responsabilizadas por promover a dismorfia corporal entre os britânicos insatisfeitos com sua aparência.

Esse é um transtorno mental que provoca um foco obsessivo em um defeito que a pessoa considera ter na própria aparência. “A minha grande ressalva é o fato de filtros que são propostos inicialmente para camuflar pequenas imperfeições – como uma olheira num dia mais cansativo ou ajudar com a adição de maquiagem – também fazem mudanças mais amplas, como mudar o formato do nariz e das maçãs dos rostos. O uso rotineiro desses filtros ‘embelezadores’ a longo prazo pode distorcer a nossa percepção e nos direcionar à busca de procedimentos que possam nos deixar com o rosto do tal filtro”, opina a dra.

Enquanto isso, nos pacientes com bulimia, é mais frequente a impulsividade. Muitas pessoas com bulimia, inclusive, acabam desenvolvendo outros comportamentos compulsivos relacionados a álcool e compras, por exemplo. Também é comum a tricotilomania (ato de arrancar pelos do corpo), não por questões estéticas, mas como uma forma de aliviar a ansiedade. “A anorexia nervosa é um transtorno alimentar que você vai ver índices de mortalidade que variam de 6% até 10% em pessoas não tratadas.

Por isso, é importante procurar abrir diálogos para conversar sobre os padrões estéticos e como desconstruí-los, o que pode ser feito tanto em ambientes públicos como em conjunto com os colaboradores de sua empresa de simulador de escada. Para conseguir chegar até esse tipo de padrão, entretanto, uma pessoa precisa abrir mão de uma série de elementos, submetendo-se a um estilo de vida que pode ser considerado destrutivo muitas vezes. Com o tempo, criou-se o conceito de que apenas as pessoas dentro dos estereótipos de beleza são capazes de verdadeiramente atingir sucesso e até mesmo a felicidade, uma vez que são valorizadas apenas quando se encaixam nesses padrões.

Como a beleza influência na vida das pessoas?

Eles querem ter um controle intenso do que ingerem porque eles buscam perder cada vez mais peso”, afirma. Entre os diversos fatores que podem influenciar o desenvolvimento de doenças que causam uma má relação com a comida, a manutenção de um padrão de beleza costuma despontar entre os principais. Rayanne Carlos acredita que, para as mulheres, a aparência é posta como ponto central desde a infância, e que isso molda a relação consigo. Poucos ovos e alguns tipos de fruta, esses são, por vezes, os alimentos ingeridos durante um dia inteiro pela participante Bárbara, do Big Brother Brasil 2022. A jovem ainda passa muitas horas sem comer, e diz que sente dor quando come.

E o peso?

Aos 26 anos hoje, ela convive com o diagnóstico de um transtorno que teve início ainda na infância, quando nem imaginava o que podia ser. Conforme dados da OMS, tais distúrbios afetam cerca de 4,7% dos brasileiros, sendo que entre os adolescentes esse índice pode chegar até a 10% da população. Os números se referem aos transtornos submetidos a um diagnóstico, mas quando se fala em doenças emocionais, a subnotificação é quase sinônimo.

Distúrbios alimentares

Mas o que exatamente nos motiva a gastar tempo tentando parecer fisicamente mais atraentes? Do ponto de vista evolutivo, isso pode fazer parte do comportamento de acasalamento, pois boa aparência indica boa saúde e boa genética, maximizando as chances de ter filhos saudáveis; portanto, a aparência física é um dos critérios-chave na seleção de um parceiro. A partir dessa perspectiva, supõe-se que as mulheres estejam mais interessadas em aumentar sua atratividade física do que os homens, e as mulheres solteiras mais jovens são consideradas particularmente preocupadas com sua aparência. No caso de pessoas com anorexia, segundo Fábio, são mais comuns características como perfeccionismo e rigidez de comportamentos.

Como padrões de beleza impactam crianças

Uma alimentação que demoniza determinados alimentos leva, de acordo com Max, a uma relação de culpa com a comida. Além de inalcançável, o padrão se torna inacessível para grande parte das mulheres. Na falta de recursos que garantem uma conquista, ainda que momentânea, satisfatória, os transtornos se tornam intrínsecos a experiência da busca pela beleza ideal. Viver dicas de beleza um transtorno alimentar não é uma experiência tida por todas as mulheres ao longo da vida, mas os números são altos. Embora os hábitos de beleza promovam impactos positivos na vida das pessoas, é preciso ter atenção para não se deixar levar por um padrão de beleza cada vez mais inalcançável. Uma preocupação excessiva com a aparência também pode indicar problemas.

A maior prevalência de risco de transtorno alimentar e de insatisfação com a imagem corporal entre as moças mesmo que este tenha apresentado um estado nutricional mais favorável possui causas complexas e grande influência cultural e histórica. A mulher do início do século passado deveria apresentar depósitos de gorduras, principalmente nas regiões dos quadris, coxas, abdômen e mamas para se adequar ao perfil de beleza em voga. Hoje, existe um constante descontentamento com a aparência física, então é preciso saber que o diagnóstico de um transtorno alimentar nunca pode ser feito baseado exclusivamente em um único critério. A preocupação exagerada com a forma e o peso do corpo é somente um dos critérios para o diagnóstico de uma patologia envolvendo os transtornos alimentares (NUNES et al., 2006).